A cena é mortalmente repulsiva:
Duas portas s'abrindo na penumbra,
Revelam coisas nem mortas, nem vivas,
Demoliram quaisquer as catacumbas;
Querida! Deverás ficar tranquila,
Quando se dissiparem azuis névoas,
Neste coração rubro que rebrilha
'Stá p'ra nascer a mais fria das trevas;
Sabes tu que melhor ficamos nós
Nesta união secreta, crua e atroz!
Deixa que os pregadores se sufoquem
Com nojentas perfídias, fúteis crenças,
Como ratos, que fujam e s'entoquem,
A carne traz a cura p'ras doenças!
Será o nosso império regalado
De vinhos e prazeres animais,
O que ninguém tinha antes alcançado
Alcançaremos; vamos pedir mais!
Sem palavras que não se tornem atos,
Ou potencialidades, loucos fatos!
Querida, se de fato estás liberta,
Requisitarei algumas simples provas:
Entraremos debaixo das cobertas
P'ra consumar as mais perfeitas obras...
Precede a insanidade nossos passos,
E lentamente as mentes se convertem
Ao carnal pesadelo de mil laços,
Às ramificações que subvertem!
A luz noturna já marcou esta terra,
Traz a lubricidade e traz a guerra!
Com passos convulsivos, buscaremos
Não mais a insanidade consumar,
Mas sim a senda a qual nós pertencemos,
Nascida da sutil luz do luar!
Enquanto isso, em privados lupanares
Continuará a nossa sacra dança;
Então, que multipliquem-se os luares,
Que corte-se co'adagas a Esperança;
Nós mergulhamos cada vez mais fundo
Na profundeza pútrida do mundo!