O chamado


A todos alheios aquilo que aguarda
Do modo que fui em dias já bem distantes,
Surgiu uma voz como pesada alabarda,
Um raio brilhante de azul diamante;

Eventos assim quase nunca acontecem,
Presentes vertidos dos altos celestes,
Mas quando e se ocorrem, no Espírito investem
E um régio Solverdejante nos veste;

Pois esta minha Arte, longínqua e potente,
É doce bebida de tão doce fonte,
A luz vespertina que mesmo assim, quente,
Acerta as vazias colinas e montes;

A luz que provoca vontade vagante,
Fazendo-nos só marinheiros insanos,
É dela que falo e que estou (sim!) diante
É dela que nascem os hábeis decanos;

Estamos em árdua empreitada demonge,
Que envolve trabalho e total devoção,
Buscando o formato daquilo que esconde
Por mais que fajuta, a tal perfeição

Por isto devemos botar no crisol
O verbo e a mensagem, o espinho da rosa,
Assim mesmo o verso converte-se em Sol,
Magia potente, secreta, formosa...

A Forma eu via com nenhum amor,
Suspeita e mui rígida assim parecia,
Mas tal qual o diamante, somente o labor
Torná-la sublime podia! Podia!

Destarte, desejo cantar-lhe a existência,
De seu inestimável, sagrado legado,
Maior que a maior das mais altas ciências
Achado jamais esquecido; um chamado!