Eu, que serei


Como quem nada quer, agora parto
Em direção à novíssimas alturas,
Não com desprezo ou raiva, também parto
Uns nublados grilhões, trevas escuras,
Contra o que necessitamos erguer
Nossas liras, lanças, rápidas espadas?
Contra quais inimigos, ao vencer,
Tomaremos riquezas, pátrias plácidas?
Não sei! Sou apenas cão que é consumido
No olho de iconoclastas repulsões,
E ninguém, sendo algoz ou falso amigo
Salvar-se-á d'iguais retaliações!
Entretanto, num átimo notei:
Meu inimigo real: eu, que serei!