MARTINS REX
Eu que sou louco meu grito alço aos céus!
Nascido deste Mundo degolado,
Eu que não estou correto, nem errado
Sou de Mortes e Crimes cruel réu....
Andei com pensamentos murmurantes,
Senti-me ser tocado pela Flama
Que para si os rebeldes cá conclama,
Renasci! Co'uma aureóla irradiante!
Minha Justiça, então, é bem específica:
É justa por vir d'um soberbo anarca,
E nesta Ordem nojenta é em quem, com faca,
Eu trato de esculpir coisa terrífica!
Vimos já subterrâneos movimentos
Infestarem o Mundo como pragas,
Nebulosos, voz eram de quem brada
Buscando retalhar mortais tormentos!
Ó Balança! Tu pesas corações,
Mas e se um não bater neste meu peito,
E se só de Vitória ele for feito,
Engastado com báquicos canhões?
E bebo vinho em bares de minh'Alma,
Embriagado co'a própria existência,
Total, supremamente, sou potência,
Que os seres revoltados nunca acalma!
Será que estar só posso assim irado?
E nada sai de bom de minha pena,
Será que trago apenas a Geena
Para a mente de quem me há assimilado?
Talvez! Mas incitar quero revolta!
Quero estrépitos loucos e frementes!
Arlequins de azul e negro, decadentes
Caçando na colina a caça morta!
E marco, assim, meu próprio sinete
Almejando causar toda a discórdia
Só em branco sonho irá haver a concórdia,
Mas aqui ocorrerão mil incidentes!
FRATER PARAGON
Por espelhos, cadeias, eremitas
Estão em compenetrada, antiga busca:
Procuram pela joia desses dias,
Procuram pela coisa que se ofusca;
Eles são peregrinos de uma terra
Guardada por inúmeros portões,
Daquilo que persiste, mesmo em guerra,
E se buscam, também são guardiões...
Quantos sonhos repousam em seus peitos!
Quantas mágoas, suspiros já de outrora!
Quantas vezes não foram, pois, refeitos
Em mármore, em calcário; em barro agora?
O que lhes permanece das essências,
Senão, talvez, os anjos impossíveis
Que guiavam-lhes nas práticas ciências,
Anjos secretos, meigos, impassíveis?
Mas escondem a grandeza que possuem!
E preferem untar-se n'alguns trapos,
Nunca senão na Morte eles se assumem,
Mostrando-se brilhantes, perolados!
Pois a sina de alguns é descontento
E outra vez desejar quebrar espelhos,
Uma busca! Estar sempre em movimento,
Até alcançar um vago escaravelho!
E isto transcende os ares da nobreza,
Pois existe em silêncio outro poder,
A calma, a mais perfeita das certezas:
Que se é o que é no correto vir a ser...
Então que marque intenso este sinete,
Simples, embora ainda eficiente,
A alma de um buscador d'outro Oriente,
Que possa agir tal qual recipiente...
E pois que procuremos os segredos
De searas que foram arrefecidas,
Mudemos o roteiro e a fala e o enredo
Fazendo de miráculos as idas!
ALEXANDER STAJMEVIT
Vejo torres e luzes pelos cantos,
Acima das cabeças e das casas,
Vejo impérios, negócios vejo; vejo mundos que a nós foram proibidos,
Vejo essa estirpe podre; os novos-deuses...
Vós sobrepairais, vultos lá nos altos
Sobrepairais as massas com seus gestos;
Em cima de palanques, sangrando no topo dos dourados púlpitos,
De vossas bocas sangue,
Escorrendo nas Vidas, o veneno maior entre todos os venenos;
Por isto, minha cara, eu venho aqui e, com discreto convite, lhe ofereço
A possibilidade de livrar-se dessas construções: torres com luzes!
Vamos, dançando em pista coroada com belas estrelas prateadas,
Vamos, desta vez nós, sobrepairar
Esses vilões de injustos corações;
A revolucão em cada um dos momentos deve servir; serve-nos agora!
E, a segurar tua mão
Enfrentaremos tudo!
Pois tudo que persiste inalterado
Será alterado nestas maquinações loucas, mas eficientes...
Em mim sei que não crês,
Mas crês na humanidade, em sua potência, crês na natureza destas almas?
Crês que os corações de antes são tão fortes quanto estes de agora; sempre assim?
Crês que aquilo que jaz em Ti reflete-se com perfeição também em mim?
Crês, minha cara, em Ti? Na tua Vontade que são labaredas de azul Caos?
Crês em mim? Então avante! P'ra romper
Com os casarões e muros protegidos,
Com as vestes de ordeiros recheadas de minérios: pratas, ouros, cobres...
Deixa este Sol brilhar mais que estas luzes
Das infelizes torres,
Das torres de tolices, de fraquezas,
Das torres que com raios estilhaçaremos! Para que se tornem
As casas do amanhã;
Assim! Todos que são como eu underdogs, todos que estão repletos da Vontade
De viver, desbravar, incendiar holofotes que mais brilhem que aqueles
Oferecidos às hordas dormentes;
Contemplarei a beleza de teus gestos,
Tomarei em minhas mãos a Rosa tua,
Beberei de teu cálice,
Um que, relampejante, há de dar-me
Poder e Vida novas! Poder imbatível, Poder implacável!
Poder este que inflama este sinete!