Ministério de Relações Exteriores
Para aqueles que desejam saciar suas curiosidades e descobrir mais sobre Aldernea, aqui estão algumas informações muito úteis, que podem e devem ser acessadas por qualquer um.
Sobre Aldernea

O que é a Aldernea? Eis aí pergunta que eu gostaria de responder. Mesmo que me tenha sido atribuído o posto de Regente, não sei tanto sobre o território que tenho de governar. Desde minha vitória em eleições justas e com certeza nem um pouco manipuladas, tive acesso aos documentos que deveriam, em tese, rastrear a origem de Aldernea. É com infelicidade que lhes digo que eles emitem muita coisa; talvez não com intento real de esconder informações (que, em teoria, deveriam se fazer explícitas para mim), mas sim com a incapacidade de rastrear-lhes os paradeiros e os contextos originais. Em última via, o que isso significa é que, como Regente, meu objetivo consiste basicamente de fazer uma curadoria e procurar o que está perdido. De qualquer forma, leitor anônimo, não o conheço; o que significa, em outras palavras, que você pode ser muito bem um inimigo da nação, mas pode ser, igualmente, grande aliado no cumprimento de minhas funções. Delegarei a responsabilidade deste papel unicamente a você – se irá me ajudar e estar ao meu lado ou conspirar contra mim, bem, não importa. O que importa de verdade é que tentarei, através de minhas funções mundanas e métodos mais mundanos ainda, explicar um pouco sobre a natureza deste local.

Primeiramente, é necessário que entendamos um pouco a natureza da Physnet, conceito apresentado primeiramente por Genosadness. Mesmo que eu não tenha estudado a totalidade de suas extensivas pesquisas, reconheço e enalteço suas contribuições, muito caras para a formulação de minhas teorias. Depois que fui escolhido como regente, uma das grandes dúvidas que tinha era sobre questão básica, mas completamente desprovida de atenção mais ampla. Coloquemos em outras palavras: em qual espaço Aldernea existe? Ora, é necessário explicar. A Physnet, ao menos como apresentada anteriormente, refere-se a uma projeção realista da internet, que personifica e materializa muitos de seus objetos e conteúdos, muitas vezes baseando-se numa réplica equivalente de nosso mundo físico. O que isso quer dizer é que os sites tomam aspecto “real”, normalmente imitando ambientes e locais que nós freqüentaríamos, ainda que, por tratar-se de realidade com possibilidades mais amplas, não existam as mesmas regras sobre aquilo que é possível ou não é. Com isso, podemos pensar que poderia muito bem existir um site que assume, na Physnet, a aparência externa de uma nave espacial ou navio flutuante, mas que por dentro é menor, maior, ou menos ou mais complexo.

Não posso dizer que consigo acessar essa dimensão, mas sem dúvidas é possível, através de certos métodos, traduzi-la para o plano virtual mais ordinário que conhecemos. O primeiro dos documentos aos quais eu tive acesso foi o de um mapa que representa a extensão territorial de Aldernea, tipo de país peninsular. Em sua administração interna, existem 9 subdivisões: Aaldara, Vaalbara, Unulkahai, Merak, Antares, Hydrogirum, Castor, Pollux e Territórios Desorganizados. Para que seja feita uma comparação com país real, Aldernea tem mais ou menos o tamanho da Itália; entretanto, por mais que essa seja sua extensão hipotética, não tenho o controle sobre ela toda. Na verdade, meu domínio estende-se apenas à faixa costeira de Hydrogirum, onde está centrada a capital, Alderamin. As outras regiões, embora pareçam me reconhecer como regente e seguir as leis da constituição, por algum motivo raramente comunicam-se; nem mesmo seus governadores, que deveriam reportar-se a mim, parecem se manifestar. Intentando melhor comunicação, reuni meu corpo de diplomatas e enviei-os para as fronteiras da faixa costeira, talvez por certo receio de ir lá pessoalmente. O relatório que me trouxeram – bem desanimador, aliás – era que todo o resto estava envolvido por “densa névoa”, cuja função era a de uma barreira intransponível. De qualquer forma, o fato d'eu ter ganho as eleições significa, talvez, que sabem de minha existência na área-além, embora eu pense que isto tenha se tratado mais de algum outro fator que não sou capaz de racionalizar no momento.

Primeiramente, vou me limitar a falar apenas da capital, ao menos da forma que a compreendo. Alderamin é uma cidade com acesso ao mar, relativamente pequena em tamanho, nunca embarcações atracaram nos portos; é extremamente diversa em estilos arquitetônicos. No momento, existem apenas dois ou três locais em seus limites que é necessário conhecer em detalhes: o primeiro é a Biblioteca, estrutura que é maior por dentro do que por fora, sendo internamente quase infinita em extensão. Nela existem vários textos, analisados e transcritos por uma equipe especial designada por este que vos fala. O motivo pelo qual isto se dá é simplesmente porque tudo que é retirado da Biblioteca acaba por ser apagado, o que nos obriga a tomar rotas alternativas. Um bom exemplo, na verdade, é John Trillard e seu Conversas com um Metaloverme. Claro, se excluirmos o fato de que sua obra tinha qualidade deveras questionável (merecendo, ao menos na minha visão, o apagamento), ocorreu que algum descuidado, tendo metido os manuscritos originais na bolsa, foi para casa bater um rango, deletando todos os poemas no processo.

Depois disso há o Santuário, que não funciona exatamente como um Santuário; entretanto, é lugar que muito nos surpreende, sendo templo romano repleto de olhos, glifos do planeta Mercúrio e outras imagens de cores aberrantes, capazes de chocar até a pessoa com os gostos mais espalhafatosos. Esta é a área onde estou escrevendo isso, pois ela funciona como entrada obrigatória para aqueles que desejam, por exemplo, explorar outros pontos. No início, tudo ocorria em perfeitos conformes, mas infortúnios aconteceram: alguns sujeitos, e isto há bastante tempo atrás, começaram a sofrer pesados ataques informacionais, talvez pela sobrecarga de imagens/símbolos aos quais eram submetidos. Desde então, coloquei um aviso na entrada para impedir que isto acontecesse, só que não funcionou exatamente como eu pretendia. Como se fosse uma doença contagiosa, as cores e símbolos contaminaram a Entrada, materializando um busto em neon do imperador romano Adriano. Não sei o porquê das coisas serem assim, mas não cabe a mim controlar essas entidades. Elas têm vida e vontade próprias.

O terceiro local é o Ministério de Relações Exteriores, prédio de aparência bem tradicional, decorado com arabescos e outros detalhes que, sem que eu descreva em esforços vãos, podem ser observados neste exato momento. Parece ter sido afetado pelo Santuário apenas em menor grau, pois a estranheza visual não se transportou (por completo) a ele. Esse Ministério está diretamente ligado ao Palácio Presidencial, que é o local onde moro e em que costumo passar boa parte de meus dias. Possui sistema de correio que permite que embaixadores e diplomatas de outros países e regiões se comuniquem comigo sem muitos obstáculos, embora não esteja em pleno funcionamento. De qualquer modo, é uma das formas mais eficientes de travar contato; estrangeiro, pois entre conterrâneos ele quase não ocorre, a não ser entre aqueles de Alderamin (pelos motivos antes explicitados). A Biblioteca e o Ministério de Relações Exteriores, bem como o Palácio Presidencial, encontram-se numa parte murada da cidade, o que me exime da necessidade de aparições públicas, a não ser as estritamente necessárias. O Santuário e a Biblioteca, consistindo de locais associados através de uma não-linearidade do espaço, são indissociáveis, e sem passar por ele não se pode ter acesso ao resto de Alderamin. Eis aí, aliás, o motivo pelo qual provavelmente não se veem barcos nos portos.