A ESPERA A ESPERA
A ESPERA

Espero ansioso a chegada dos seres
Que irão conceder-me almejada vingança,
Fragrâncias sulfúricas, formas atrozes,
Ruir das humanas e tolas pujanças!
Com meu elmo de chifres, co'a flamejante
Espada semeio a morte cortante;
Ó negros anelos da Terra, deglutam
Os corpos que as foices de chumbo sepultam!

Abaixo de nós está a Sombra secreta
Habita os pináculos rubros, montanhas
De corpos queimados - presente do esteta
Eu, com um colar adornado de entranhas!
O Fim lhes devora subtilmente a vida
Enquanto, de longos caminhos e idas,
Espero sentar-me em tronos austrais
Comando tal báratro, rei dos finais!

Ó luzes purpúreas, canções de sonho,
Nas mentes refregas assim como feras,
Inspiras tortura em que hábil escondo
As rosas dolentes, repletas de estrelas!
Hás de ver surgirem as delícias corníferas,
Altíssimas torres de cores melífluas,
Albergo-me nelas, envolto nos crânios
Que lanço aos Reinos, azuis domos urânios!

Ergue-te de teu longo e ávido sono,
És ser absissal, pesadelo de jade,
Pertece-nos este porvir tão risonho
Dourado de novas quimeras, Verdade!