Tu que pediste o meu nome -
Rabisco enfarado,
Vê-me, tão doido e disforme:
As folhas eu rasgo,
Se não lhe dizem as cores
Quem elas já são,
Não deverei ter temores
Na minha omissão,
Só necessitas notar
Qu'existem pessoas
No matinal amainar
De finas garoas,
Desejo ter o meu lugar
Escusas montanhas,
Onde ninguém vá censurar
Palavras sacanas,
Os burocratas são palermas,
Sem vida ou paixão,
E eu lhes desejo as tristes perdas
D'um rim, coração,
E não me venham os Senhores,
Uns tolos totais,
Amplificando nossas dores
Com tédios mortais,
Ó! Estas linhas são como dolentes
Sinais que reverberam e depois
Somem como se fossem os presentes
Do Tempo, este que trai-nos sempre, pois,
Não mereces saber meu nome imundo,
E a minha identidade já sumiu,
Mas se vives em tu o fogo do Mundo,
Captura o sentimento que fugiu,
E não importam teus rogos neste dia,
Pois a Morte já será inescapável,
Por isso, qu'entreguemos nossa Vida
Num canto delirante e devotado!
Agora erguemo-nos como um tufão,
Tingindo o rosa, as morosas manhãs,
E na esmeralda, a essência que não
Se findará nos revela anciães,
Contando seus numerosos segredos,
D'estranhos modos, histórias douradas
Sejam mercúrios, sais ou nigredos,
Consideramos as suas palavras,
Lembrando coisas que nunca existiram,
Vendo momentos de voos etéricos,
Assim fugimos de planos que ficam
A censurar os prazeres feéricos,
E desta maneira pretendo assinar
Somente no peito sedento daquele
Qu'almeja a Beleza encontrar e provar,
Temendo jamais punições e deveres,
Pois quando deseja o sujeito presentes
E glórias e mundos ainda por vir,
Em auro s'acendem os dons imanentes,
Guiando-o pelo caminho a surgir!
Que seja de cor encarnada esta linha,
Que seja de cor bem escura esta tinta,
Que seja visível a tela faminta,
Que seja rebelde a Palavra que pinta!