CHAMAS OUTONAIS
Chamas outonais

De todos feitos, orações
Que como chamas resplandecem,
E no passar das estações,
Reteso flechas que fenecem
As distorcidas, broncas normas
Vão aos rincões desconhecidos,
Voem, Ó flechas tão revoltas
Às vastidões de três idílios!

Chamas! Convoco-vos agora,
Vinde até mim como os sons
De longas músicas e obras,
Celestiais, sublimes dons!
Línguas vorazes d'um laranja
De entardeceres e sumiços,
Vozes de ventos e falanges
De cavaleiros habilíssimos,

Melodiosas e sagazes,
Eternamente a queimar,
Incêndios ébrios e mordazes
Como esp'rança a despontar!
Na pira dos monges ficais
Minhas senhoras, consumindo,
Os menestréis sempre espantais;
E a minha flecha vai luzindo!