Convite real A colher
A colher

Minha lira, caída, seca, murcha
Sem mais qualquer vontade de cantar
As canções que açucaram o luar,
Foi atiçada por uma dita-cuja:

De repente, criando garatujas
Fez-se viva, pulsante, a desenhar
Os fonemas bêbados, e de bar
Em bar partiram, métricas caducas;

Pois eu sou poeteiro de momentos,
Faço, fácil, somente o qu'eu quiser
E se sou gabarola? Sim, sou mesmo;

Espero que, depois, se D'us quiser
Fãs erigir-me-ão alvos monumentos,
P'ra eu comer a ampla História com colher.