Convite real Convite real
Convite real

Revelem-se os corpos marmóreos nas piras
De magos antigos, desígnios latentes,
Sob meus pés estendem-se panos e tiras
De sacros cristais, reluzentes presentes!
Poeta que tanto me encaras a face,
Desejas saber qual será nosso enlace?
Por onde não andaste em encontros primeiros,
De terras escuras, locais derradeiros?

Conhecem meu nome os letrados monarcas,
Vivazes em voz, pensamento nas Leis,
Poeira de brilhos, fatais essas facas,
Que cortam o mundo em pedaços tão débeis!
Se queres provar da Verdade sublime,
Prepara-te para fazer qualquer crime;
Broquel de floreios, de campos, centeios,
Protege por todas as frentes e meios,

Conhece a cruzada secreta do reino,
Cruzada de carnes, pedaços, os ossos
Deixados nos rastros de audazes guerreiros,
A vontade eterna de rir dos destroços;
Te dou um nome, quero que saibas quem são,
Não foi desalmada ou gratuita esta ação,
Apenas se trata de nossa batalha,
Em nome dos deuses assim deflagrada!

Não teme os lanceiros de lanças vermelhas,
Não tingem-se com nenhum tipo de sangue,
Somente se banham no ardor das centelhas,
Parando os minutos, as horas, o Antes;
A nós é melhor que te juntes, querido,
Farás nunca mais a vontade dos filhos
Imersos em gosmas, tormento de piches,
Serás mais soturno que os azeviches;

Por esta amplidão sem temer navegamos,
Anis imorais, doces roxos rascantes,
Rompendo essas ondas, felizes, cantamos
Sem nunca ferir nossas honras; que cantes!
Bem-vindo aos ímpios caprichos do Mar,
Piratas nós somos, e o Reino a voltar
Usando caminhos, usando palavras,
Que cessem as nossas missões, nossas raivas!

Agora te sentes sem pesos nas costas?
Agora que tens de zelar pelas velas?
Raiando este Sol dadivoso, tu gostas
De ver o azul dessas águas tão belas?
Não sei porque tanto aprecias a cor
De tristes os mares, que horror, que temor!
Se queres ter tudo, se queres banhar,
Primeiro conosco precisas lutar!