ESSE LUGAR II
I

Disse ao leitor que pejo tinha. Mas
Agora versarei mero incidente,
Onde, completamente descontente,
Perscrutei o tal dossel de Satanás.

Armado com a pira das Ideias,
(Quem me vê crê-me esperto; um erudito!)
Fui, desde o infeliz parto, entretecido
Co'um despeito embutido nas ameias.

Não importam-me as defesas e as barreiras
E muito menos guardas que vigiam,
Pois guardo em mim o aguço dos que enfiam
Os olhos, as cabeças (ai!) em clareiras...

Tendo ou não os inefáveis instrumentos,
Vede-me: quando humano, inda um jumento.

II

A questão verdadeira já é permuta -
Uma troca que, em si, faz-se infernal,
Vende-se, com tristíssima e fajuta
Pompa, um conhecimento tão normal.

Em nossas fastiadas frontes vagam
Aqueles velhos, velhas; saturninos!
E, equanto mil chatices eles falam
Perdemos os ardores peregrinos.

Maçadores eternos! Nem a pira
Que carrego machuca tanto quanto
Vocês, que com vocábulos copiam
A tristeza lacõnica d'um canto!

Um canto sim, tocado por pianos
Enrugados, vermelhos, lá do ânus.

III

Tentei por muito tempo responder
Essas questões profundas, só escrevendo
Indiretos ataques, sem fazer
Os versos curativos vindos d'êmbolos;

Porém, meu melhor traço é que desgosto
D'incertezas, sutis aviltações,
Se tenho raiva? Tenho; mas co'o medo
Ainda assim não cesso as escansões,

Entretanto, desligo a minha parca
Mas implacável máquina. Só resta
Cantar as melodias sãs e sacras,
De chama imorredoura, terna Vesta!

Recai-me comum fardo poeteiro:
Tratar do belo, bom e verdadeiro.