NOVOS DIAS

Ó novos dias! Calmos e serenos,
Que nunca seja nossa a decepção,
Quando enchemos os peitos, sóbrios, plenos
É que enfim desabrocha inspiração,

E se hoje, meu amigo, te atormentam
Moléstias, tristezas, as agonias,
Acalma este teu peito no qual tentam
Diabos azedar futuros dias,

Caso sintas-te tolo das ideias,
Um doente, vilão, mero mesquinho,
Liberta-te de estultas panaceias,
Livra-te de veneno tão ferino!

Os séculos apoiam a chegada
De nossas silhuetas impassíveis,
E nas lendas seremos alvorada
Doirada - eternamente intradutíveis!

Por isso, não mais durmas a pensar
Qu'as horas são sujeira e desperdício,
Faz-te louco, rebelde, a torturar
Deste mundo o dormente frontispício!

Seja o choque, loucura sem limites,
Rubra fonte de flâmulas e cantos,
Fecundas como Hidras, dinamites
Rugindo e detonando desencantos!