NUNCA SE DETER
I

É este desejo de nunca deter
A belicosa e infinita pulsão,
De tudo, louco, glutir e sorver
Tal qual voraz criatura em prisão!

É este desejo de débil, sumir
Co'o destemor o horroroso presente,
Pelos algozes aflitos cerzir
A langorosa cabeça, pendente.

É este desejo de vário galgar
A profundeza mais vil dos prazeres,
No fundo estando, buscar o queimar
De implacáveis e ínclitos deveres,

É este desejo de Ser tudo em si -
Foi por razão como esta que morri.