O REBELDE PRIMEIRO (REESCRITO)
I

Não permitamos fugir a memória
D'um ser qual belo, sagrado e completo,
Não permitamos qu'apaguem a glória
Destes seus contos vetustos, eternos,

Foi ele o primeiro a provar que prisões
Rompidas podem fazer-se em Vontade,
E não abalou-se na queda em rincões
Negro pináculo, acerba maldade,

Sombrias noites e dias brilhantes,
Ao percorrer metafísicos rios
Tornam-se viços tão lindos, errantes,
Que nos inspiram insanos feitios,

Por isso vem, radiante, de Vênus
Por isso vem, Ó caído guerreiro,
Mostra que tens os alívios de prantos,
Para nós vem, lutador mui matreiro,

Nunca conseguem vencer-te em combates
Mesmo com cruzes, com rezas, pastores
Deles tu ris, gracioso e então partes
Dos cegos crentes anelos, horrores,

E no momento que 'inda será,
Nós não teremos mais mestres quaisquer,
Tua neblina sagrada virá,
Doce a dançar, Ó senhor Lucifer!