OS MANTOS
I

Tomam-me o ser longínquas criações,
Mantos de tons virentes desbravando
A terra e suas vastas percepções,
E especiais belezas exaltando;
Tomam-me o ser céus tensos, perolados,
Nos quais, por sua vez, mantos suspendem
O branco, a taça e os gelos realçados
Nos membros delicados se desprendem;
Eu quero que pertençam-me esses mundos,
Fúlgidos e distantes como sonho,
Sumindo, abomináveis e fecundos,
Os limites que tornam-me tristonho;
Será que poderei gozar, por fim,
De lençóis desvelados e cetim?