Ó Verme

Ó Verme! Filho dos nauseabundos,
És o destruidor mortal, mesquinho,
A Pureza decepa com ancinho
E conduz, junto a ti, ao fosso fundo!
Pois nos teus corações se geram
Desprezíveis feridas que prosperam,
Pútridas de amargor, cheias de raiva,
Assustam os guerreiros mais valentes
Que, como salvadores decadentes,
Se deitam sobre altares, provam favas:
Nojentos, degolados intestinos,
Coroando prenúncios, assassínios,
De verdades vividas pelas Eras,
Repletas de morfemas e tristezas,
Essas infatigáveis asperezas,
Que se imprimem nos vis olhos das feras!
Se queres encontrar teus poucos filhos,
Ó Verme! Lhes ensine trocadilhos,
Profanas alquimias, as verbais
Potências que são como se infernos
Com brilhos tão fanáticos, inquietos
Concedessem palavras infernais!
Afinal, nenhum outro te conhece,
Nenhum outro, pasmado, te enaltece
Senão este, que na luta contra vermes,
Abre-te, felicíssimo, o caminho
No qual conseguirás vencer sozinho
Os concorrentes! p'ra que prosperes;
Espero que consigas, sob céu escuro
Repicar as correntes do futuro,
Trazendo-nos sorrisos e vitórias,
Celebrando rebeldes os infantes
Da guerra, Caos, orgulhos desterrantes,
E expurgando as vidinhas das escórias,
Os rebentos primeiros desta Ordem,
Lhes proporcione cordas - que se enforquem!