RUBRO E ALBOR
RUBRO E ALBOR

Defrontei sem furor esses vitrais
Perfeitos, poderosos e sublimes,
Mas ouvi a amiga voz falar em crimes
Que largaram-me à umbras abissais,
Visando o extermínio desta vida
Que, sendo, nunca foi nem preterida,

Os Punhos almejando destruir,
Punhos como Medusas sem cabeça,
Pouco importa o que surja ou m'aconteça
Pois sou vagante só na estrada a ir;
Um detentor de fúlgidos relâmpagos,
Cujas faíscas ferem torpes âmagos,

Não sei se existe outra sensação
Que não aquela d'um êxtase febril,
Um êxtase, portanto, sem fastio
Que traz-me satisfeita inanição,
Por isso deverás aperceber:
Eu fiz aquilo apenas por fazer...

Qual culpa tive quando insinuei
Os Punhos sobre os leves, claros vidros,
Não constará tal feito nesses idos,
Pois ao demolir, louco, devotei
Os duros ossos, ossos descarnados
Partiram em impactos abrasados;

Depois de produzir pedaços, cacos,
Nada disse ao encarar as nuas costas
Desta mão que foi usada pelas massas
D'ideias venenosas e borrascas;
Salazes instrumentos, Morte e Dor,
Esses dois desgraçados: Rubro e Albor!