De todas as metáforas passíveis de uso para descrever Aldernea, talvez a mais apropriada seja a de um rio. Um rio e seus múltiplos veios, muitos dos quais não foram descobertos ou vistos - simultaneamente, muitos dos quais expõem-se ao olhar de forma quase indecente. Alguns desses veios entrelaçam-se, interligam-se e atualizam-se, o que gera curioso e quase-infinito ciclo de feedbacks. Mais que nunca, prova-se correta aquela máxima helênica; sempre mudam as águas, impermanentes, e as estranhas criaturas que jazem sob a superfície também. Há permanência, contudo, no fato de que mudam? Seria esta a única coisa a, paradoxalmente falando, não mudar?
Nisto, o meu papel é de catalogar. Considerava-me, antes, alguém apto a fazer julgamentos sobre os conteúdos que aqui jaziam, mas entendi que isto está muito além de meu escopo, de minha alçada mundana. Afinal, quem eu imaginava ser? Minha mente conflitava consigo própria - impunha a Ordem àquilo que Ordem não devia ter. Agora, livre de meus antigos preconceitos, reduzi-me à mais insignificante e, simultaneamente, à mais importante das funções. Ela desempenharei com gratidão e satisfação - não como servo, pois inexistem contratos e obrigações de um ofício tradicional, mas como colaborador apaixonado.
É isto que Aldernea é hoje: uma fachada bizarra pela qual o inexplorado podem ser acedido, o comum pode ser destruído, o aceito pode ser subvertido. Sua multiplicidade é sua vantagem. Veja: ao lado, como parte do trabalho que iniciei, existem algumas categorias. Sinta-se livre para explorá-las da forma que melhor lhe convier.